Clínica Veterinária de Mangualde
Dr.
Benigno Rodrigues
Dra. Sandra
Oliveira
O QUE É A ESGANA?
A esgana é
uma doença infecciosa provocada pelo vírus
da esgana canino: CDV (Canine Distemper Virus).
Afecta
principalmente os cães mas também pode atingir os furões e outros canídeos
selvagens como raposas, lobos, e coiotes.
É uma doença grave, terrível que afecta quase
todo o organismo do cão, incurável e geralmente fatal. De todas as doenças
infecciosas em cães, apenas a Raiva possui uma taxa de mortalidade superior à
esgana.
Como se transmite?
O vírus da esgana é altamente contagioso, disseminando-se de forma muito fácil e rápida
de cão para cão. A transmissão ocorre através do contacto directo com animais infectados
ou das suas secreções/excreções: corrimentos ocular, nasal, saliva, fezes e
urina.
Os cachorros entre 3 e 6 meses de idade não
vacinados são os mais susceptíveis, no entanto, pode afectar cães de qualquer
idade e raça.
Não
se trata de uma zoonose, ou
seja, os seres humanos não são afectados pelo vírus da esgana, o mesmo acontece
com os gatos. No entanto, os seres humanos podem servir de veículo de
transmissão do vírus para os cães, transportando-o nas mãos ou nas roupas.
O vírus é
pouco resistente a detergentes e calor, morrendo em poucos minutos em ambientes
quentes. Porém pode persistir durante semanas em ambientes com temperaturas
próximas dos 0°C.
Quais são os sintomas?
O vírus afecta múltiplos sistemas do
organismo, nomeadamente o sistema
respiratório, o sistema gastrointestinal e o sistema nervoso e por isso a
sua sintomatologia é variada.
O primeiro
sintoma a surgir é a febre, mas muitas vezes esta pode passar despercebida.
O vírus atinge as vias aéreas, os pulmões,
olhos e o aparelho gastrointestinal. Consequentemente às lesões deixadas pelo
vírus instalam-se infecções bacterianas oportunistas. A infecção conjunta do
vírus e bactérias leva a perda de apetite, febre, desidratação, corrimentos
nasais e oculares muco-purulentos, pneumonia, tosse, diarreia e vómitos.
Para além disso,
também o sistema imunitário é afectado, diminuindo a capacidade do organismo de
lutar contra a infecção.
Cerca de
metade dos cães infectados desenvolve sintomatologia nervosa, como por exemplo
ataques epilépticos, convulsões, fraqueza dos membros, paralisia e perda de
coordenação motora.
Os sintomas neurológicos podem ser
irreversíveis.
A maioria
dos animais com sintomas nervosos morre ou é eutanasiado devido ao grande
sofrimento que a doença lhes causa.
Como se diagnostica a doença?
De forma
geral os sintomas não são identificados logo no início da doença, o que faz com
que o diagnóstico seja muito difícil. Muitos animais podem não apresentar todos
os sintomas típicos, por exemplo, um animal pode passar da febre directamente
para sintomas nervosos, sem que manifeste diarreia ou pneumonia.
O
diagnóstico é feito conjugando a história clínica e sintomas com análises
sanguíneas.
Qual o tratamento?
Não existe
tratamento antiviral. O tratamento é de suporte: direccionado para minorar as
infecções bacterianas secundárias e controlar os sintomas. Se a componente
bacteriana da infecção for controlada com o tratamento imposto o mais breve
possível, os cães poderão parecer curados durante 2 a 3 semanas até aparecerem
os sintomas nervosos característicos da doença.
O
tratamento não impede que o vírus invada o sistema nervoso, não havendo
quaisquer garantias de sucesso e de cura.
Alguns cães conseguem sobreviver á fase
aguda da doença e recuperam completamente. Outros, principalmente cachorros e
os animais com sintomas nervosos acabam por falecer por complicações relacionadas
com a esgana.
Melhor do que tratar, é
prevenir!
Como se
previne a esgana?
A única
forma eficaz de prevenção da doença é a vacinação, que deverá começar às
6 semanas de idade.
Também é importante ter os animais em boas
condições de higiene e evitar comportamentos de risco, nomeadamente o contacto
com outros cães (mesmo que vacinados).
A
generalização da vacina tem vindo a reduzir a incidência da doença nas últimas
décadas.
Os surtos
de esgana são esporádicos mas uma vez que afecta animais selvagens, o contacto
entre canídeos selvagens/ cães abandonados e cães domésticos facilita a
propagação do vírus.
Se o seu animal
apresenta algum tipo de sintoma sugestivo de infecção pelo vírus da esgana,
particularmente, febre alta, vómitos, diarreia, perda de apetite, tosse,
corrimentos ocular e nasal, espasmos nervosos, contracções musculares e, por
vezes, paralisia, contacte imediatamente o Médico Veterinário.
Artigo escrito por Sandra Oliveira – médica veterinária (CP
4910)
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