segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O que é a esgana?

Clínica Veterinária de Mangualde
             Dr. Benigno Rodrigues
              Dra. Sandra Oliveira







 
O QUE É A ESGANA?

A esgana é uma doença infecciosa provocada pelo vírus da esgana canino: CDV (Canine Distemper Virus).
Afecta principalmente os cães mas também pode atingir os furões e outros canídeos selvagens como raposas, lobos, e coiotes.
É uma doença grave, terrível que afecta quase todo o organismo do cão, incurável e geralmente fatal. De todas as doenças infecciosas em cães, apenas a Raiva possui uma taxa de mortalidade superior à esgana.

Como se transmite?

O vírus da esgana é altamente contagioso, disseminando-se de forma muito fácil e rápida de cão para cão. A transmissão ocorre através do contacto directo com animais infectados ou das suas secreções/excreções: corrimentos ocular, nasal, saliva, fezes e urina.
Os cachorros entre 3 e 6 meses de idade não vacinados são os mais susceptíveis, no entanto, pode afectar cães de qualquer idade e raça.
Não se trata de uma zoonose, ou seja, os seres humanos não são afectados pelo vírus da esgana, o mesmo acontece com os gatos. No entanto, os seres humanos podem servir de veículo de transmissão do vírus para os cães, transportando-o nas mãos ou nas roupas.
O vírus é pouco resistente a detergentes e calor, morrendo em poucos minutos em ambientes quentes. Porém pode persistir durante semanas em ambientes com temperaturas próximas dos 0°C.

Quais são os sintomas?

O vírus afecta múltiplos sistemas do organismo, nomeadamente o sistema respiratório, o sistema gastrointestinal e o sistema nervoso e por isso a sua sintomatologia é variada.
O primeiro sintoma a surgir é a febre, mas muitas vezes esta pode passar despercebida.
 O vírus atinge as vias aéreas, os pulmões, olhos e o aparelho gastrointestinal. Consequentemente às lesões deixadas pelo vírus instalam-se infecções bacterianas oportunistas. A infecção conjunta do vírus e bactérias leva a perda de apetite, febre, desidratação, corrimentos nasais e oculares muco-purulentos, pneumonia, tosse, diarreia e vómitos. 
Para além disso, também o sistema imunitário é afectado, diminuindo a capacidade do organismo de lutar contra a infecção.
Cerca de metade dos cães infectados desenvolve sintomatologia nervosa, como por exemplo ataques epilépticos, convulsões, fraqueza dos membros, paralisia e perda de coordenação motora.
 Os sintomas neurológicos podem ser irreversíveis.
A maioria dos animais com sintomas nervosos morre ou é eutanasiado devido ao grande sofrimento que a doença lhes causa.

Como se diagnostica a doença? 

De forma geral os sintomas não são identificados logo no início da doença, o que faz com que o diagnóstico seja muito difícil. Muitos animais podem não apresentar todos os sintomas típicos, por exemplo, um animal pode passar da febre directamente para sintomas nervosos, sem que manifeste diarreia ou pneumonia.
O diagnóstico é feito conjugando a história clínica e sintomas com análises sanguíneas.

Qual o tratamento?

Não existe tratamento antiviral. O tratamento é de suporte: direccionado para minorar as infecções bacterianas secundárias e controlar os sintomas. Se a componente bacteriana da infecção for controlada com o tratamento imposto o mais breve possível, os cães poderão parecer curados durante 2 a 3 semanas até aparecerem os sintomas nervosos característicos da doença.
O tratamento não impede que o vírus invada o sistema nervoso, não havendo quaisquer garantias de sucesso e de cura. 
Alguns cães conseguem sobreviver á fase aguda da doença e recuperam completamente. Outros, principalmente cachorros e os animais com sintomas nervosos acabam por falecer por complicações relacionadas com a esgana.

Melhor do que tratar, é prevenir!

Como se previne a esgana?

A única forma eficaz de prevenção da doença é a vacinação, que deverá começar às 6 semanas de idade.
Também é importante ter os animais em boas condições de higiene e evitar comportamentos de risco, nomeadamente o contacto com outros cães (mesmo que vacinados). 

A generalização da vacina tem vindo a reduzir a incidência da doença nas últimas décadas.

Os surtos de esgana são esporádicos mas uma vez que afecta animais selvagens, o contacto entre canídeos selvagens/ cães abandonados e cães domésticos facilita a propagação do vírus.

Se o seu animal apresenta algum tipo de sintoma sugestivo de infecção pelo vírus da esgana, particularmente, febre alta, vómitos, diarreia, perda de apetite, tosse, corrimentos ocular e nasal, espasmos nervosos, contracções musculares e, por vezes, paralisia, contacte imediatamente o Médico Veterinário.



Artigo escrito por Sandra Oliveira – médica veterinária (CP 4910)

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