sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O meu cão come fezes. É normal? O que fazer?


Há comportamentos normais nos cães que a nós parecem estranhos e nojentos. Um exemplo disso é comer fezes. É muito comum os donos queixarem-se deste comportamento chamado de coprofagia.
É mais comum o cão comer as fezes de outros animais do que as suas próprias fezes. O hábito de comer as fezes dos outros é o mais difícil de eliminar.
É um comportamento normal no caso das cadelas que estão a amamentar. As cadelas recém-paridas têm o hábito de lamber as crias para as estimular a urinar e defecar, e a comer as fezes dos filhotes nas suas primeiras semanas de vida, de forma a manter o ninho limpo.
Os cachorros têm uma grande necessidade de energia e tendem a imitar a mãe e os irmãos. Nesta idade, comem as próprias fezes ou as dos outros cães como uma forma de obter nutrientes-extra  e também de explorar o meio-ambiente.  
Na maior parte dos casos é uma fase que os cães atravessam e que desaparece sozinha, geralmente por volta dos 3 a 4 meses de idade. Contudo, alguns indivíduos, em particular das raças mais “gulosas” (ex: Labrador Retriever, Beagle) podem continuar com este desagradável hábito.
Várias são as hipóteses sugeridas como causas da coprofagia. É difícil apontar uma única causa porque há uma grande variedade de situações que predispõem o animal a comer fezes.
A origem deste “problema” pode estar associado a diversos factores, nomeadamente:

  •  Causas médicas

- Fome/Nutrição insuficiente ou de má qualidade
Comer fezes não é repugnante para o cão. Nos cães mal nutridos ou que comem um alimento de baixa qualidade as fezes (que normalmente são de outras espécies animais) representam um petisco, uma fonte de alimento nutritiva e palatável.
                - Super-alimentação:
Fornecer uma grande quantidade de comida uma única vez por dia, pode sobrecarregar o sistema digestivo e levar a uma má digestão. Assim as fezes apresentariam uma grande quantidade de produtos alimentares não digeridos. Mais tarde o cão sentindo-se com fome, por causa da má digestão, se alimentaria destas fezes.
- Dieta muito pobre em proteínas
- Insuficiência Pancreática Exócrina (deficiência de enzimas digestivas).
- Pancreatite crónica
- Parasitas intestinais

Estas situações devem ser diagnosticadas pelo Médico Veterinário. Pergunte ao Médico Veterinário se o seu animal está a ter a alimentação mais correcta.

·         Causas comportamentais

- Aprendizagem por observação e imitação: Os cachorros são muito curiosos e ao observarem a mãe a comer as fezes podem sentir-se tentados a imitá-la. Se a experiência for agradável, na perspectiva do cão, esse comportamento terá tendência para ser exibido com frequência no futuro.
 Outro exemplo é o caso do cão que ao ver o dono a limpar as fezes pode querer tentar fazer o mesmo. Como o cão não sabe onde colocar as fezes (o dono coloca-as no lixo) ele come-as. Para evitar este comportamento é importante que o cão não esteja por perto ou que esteja a vê-lo na altura de limpar as fezes.
- Ansiedade devido a conflito ambiental. O stress ambiental pode contribuir para a coprofagia.

- Ansiedade de separação. Os cães deixados em casa sozinhos, durante longos períodos de tempo podem acabar por exibir este comportamento.
- Distribuição errada do espaço para dormir, alimentar, defecar e urinar. Cães que não dispõem de espaço suficiente e são forçados a defecar no seu espaço de dormir acabam por ingerir as próprias fezes para manter o espaço limpo.
- Aborrecimento/Solidão: Os cães que passam muito tempo sós, confinados em espaços fechados ou presos por trela, sem distracções ou qualquer estímulo ambiental estão mais aptos a desenvolver coprofagia do que aqueles que estão com companhia humana na maior parte do tempo. O stress gerado pela solidão e a necessidade de gastar energias pode levá-los a entreterem-se (por brincadeira) a ingerir fezes.
- Falta de atenção pelo dono: Muitos cães vivem isolados do meio familiar ou então não recebem suficiente afecto e atenção. Se por acaso um destes cães for castigado pelo dono num momento em que esteja a comer fezes (“Ah! Não se faz isso!”) pode sentir-se reforçado e aprender que ao comer fezes obtêm a atenção do dono. Este tipo de situação é muito frequente.
- Castigos relacionados com a eliminação do cão: Quando um cão é castigado por fazer as necessidades no sítio errado/dentro de casa (é mais comum nos cachorros), este aprende que as fezes resultam numa consequência desagradável. Neste sentido, o cão passa a defecar na ausência do dono e pior ainda, a ingerir as fezes para não deixar vestígios e desta forma evitar a punição.
Muitas vezes nós é que fazemos com que este problema se torne problemático e duradouro através da forma como reagimos – abrindo a boca do cão à força para lhe tirar as fezes, ou repreendendo-o.
Ao abrir-lhe a boca à força corre o risco de ele aprender a engolir as fezes, de futuro, antes que o dono tenha tempo de lhas tirar. Isto não é problemático no que concerne às próprias fezes, mas pode ser não só problemático como perigoso também se o cão aprender a engolir qualquer outro objecto antes que lho tirem.
Ao repreender o cão está a dar-lhe atenção, algo que o seu cão adora. Assim que ele perceber que cada vez que come fezes o dono dá-lhe atenção, começará a comê-las mais vezes para ganhar a sua atenção. É assim que contribuímos para fazer desta fase temporária um problema persistente.

Deverá contactar o Médico Veterinário para o ajudar a resolver estes problemas.

·   
      O que fazer?

1.        Consulte o Médico Veterinário para descartar causas médicas e/ou alterar a dieta do cão.
Dê um alimento de qualidade a nível nutricional e adequado à idade e condição do cão.
A coprofagia é geralmente uma fase passageira dos cachorros mas é exacerbada se lhe é negado o acesso livre e frequente à comida. Divida a ração diária em 3 a 4 refeições por dia.
2.        Gestão e Prevenção: Evite que o cão tenha contacto com fezes. Limpe de imediato o local após o cão ter defecado. Muitas vezes o problema existe em locais com falta de higiene.
Evite apanhar as fezes na presença do cão. Aguarde que o cão saia do local para as recolher.
3.        Ensine o cachorro a fazer as necessidades no sítio certo e ensiná-lo a vir com o dono logo após ter defecado. Desta forma evitamos que o cão caía na tentação de comer as fezes.
 Leve o cão ao local onde deve defecar, várias vezes ao dia, sempre na mesma altura (a seguir às refeições, logo de manha) e premeio-o (com um biscoito ou um pouco de brincadeira) sempre que ele fizer as necessidades no sítio certo. Assim que o cão acabe de fazer as fezes no sítio certo, chame-o e se ele vier logo ter consigo recompense-o também.
4.        Nunca punir o cão por defecar num local inapropriado ou por comer fezes.
5.        Aumentar as actividades de estimulação física e mental dos cães. Assegure que o seu cão tenha uma vida activa: com passeios frequentes na sua companhia. Brinque com ele, ofereça brinquedos, e sobretudo dê-lhe atenção.
6.        Fazer com que o cão ganhe aversão às fezes. Existe disponível uma substância que adicionada à comida deixa as fezes com um cheiro desagradável, pouco apetecíveis. Fale com o seu Médico Veterinário sobre este assunto.

Investigações demonstraram que cães coprófagos não constituem risco quer para a sua própria saúde quer para a saúde de pessoas cujas faces e mãos sejam lambidas por estes animais. No entanto, a coprofagia é um acto emocionalmente repulsivo.
Artigo escrito por Sandra Oliveira – médica veterinária (CP 4910)

 Clínica Veterinária de Mangualde
Av. General Humberto Delgado Nº 12 R/C Esq.
3530-115 Mangualde
                                                                                                                                                                  Telef.: 232.623.689

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

PARTE III - Zoonoses transmitidas por insectos vectores

Clínica Veterinária de Mangualde
             Dr. Benigno José Rodrigues
             Dra. Sandra Oliveira





PARTE III - Zoonoses transmitidas por insectos vectores

As doenças transmitidas por vectores constituem actualmente uma séria preocupação. São transmitidas por ectoparasitas como carraças, pulgas, mosquitos e flebótomos, e devido ao seu potencial zoonótico representam uma ameaça global para a saúde humana.
 A região mediterrânica com o seu clima ameno promove condições propícias para o desenvolvimento destes ectoparasitas o que leva a que Portugal seja endémico para várias das doenças transmitidas por insectos vectores.
Estes parasitas têm uma diferente sazonalidade consoante a sua biologia e ecologia. Por exemplo, no Sul da Europa é esperado encontrar carraças nos cães durante todo o ano, enquanto que a actividade dos flebótomos geralmente limita-se aos meses mais quentes (de Junho a Outubro). Isto implica  que os cães estão em risco de infecção por Leishmania infantum durante todo o verão, e por muitos agentes patogénicos transmitidos por carraças durante todo o ano.


  •    LEISHMANIOSE CANINA
A Leishmaniose canina é uma zoonose de grande importância e de impacto na saúde pública. Todos os anos registam-se em Portugal entre 10 a 15 casos de Leishmaniose em Humanos, especialmente nas pessoas imunocomprometidas e crianças.
A doença atinge todas as raças de cães, em todas as idades, e com uma elevada taxa de morbilidade e mortalidade.
É muito frequente nos países da bacia Mediterrânica e da América do Sul. Em Portugal, a doença é endémica em todo o território, embora algumas áreas apresentem uma prevalência mais elevada que outras: Trás-os-Montes e Alto Douro, Beiras, Ribatejo, Alentejo, região de Lisboa, Setúbal e o Algarve. Qualquer deslocação com os animais de estimação para estas zonas significa um risco acrescido de contágio.
É causada por um protozoário: a Leishmania infantum que parasita o sistema imunitário do hospedeiro: o cão. O ciclo de vida deste parasita só se completa na presença de um vector: o insecto flebótomo.
O flebótomo ao picar um animal doente servirá de veículo do parasita a outro animal ou  ser humano sadio que vier a picar e assim sucessivamente. Sem o insecto, não há o ciclo. Por isso, o mero contacto ou proximidade física de um cão contaminado com um saudável ou com o homem, não constitui perigo de contágio da doença.
 A Leishmaniose é uma doença grave, de curso lento, crónico, de difícil diagnóstico e tratamento e de fácil transmissão. No cão os sinais clínicos são muito variáveis. Geralmente surge apatia, perda de peso progressiva, lesões na pele, crescimento exagerado das unhas e perda de apetite. Se não for tratada é fatal.
A prevenção no cão faz-se com a vacinação e o uso de produtos repelentes como coleiras ou pipetas. Também deve-se evitar passeios em zonas de rios, charcos ou de águas paradas ao amanhecer e ao entardecer que é quando há uma grande proliferação do insecto.
Para evitar a picada dos flebótomos deve tomar precauções como usar repelentes de insectos, redes mosquiteiras, evitar andar de pele exposta ao anoitecer e amanhecer e desinfectar as instalações.


  • DIROFILARIOSE
A Dirofilariose, conhecida como “a doença do verme do coração” é causada pelo parasita nemátodo: Dirofilaria.
Em Portugal, esta doença ocorre preferencialmente nas regiões do Ribatejo, Alentejo, Algarve e a Ilha da Madeira.
A Dirofilária afecta principalmente cães mas também pode afectar gatos e animais silvestres.
A transmissão ocorre através da picada de mosquitos fêmea do género Culex, mas também Anopheles e Aedes, infectados com larvas de dirofilária (microfilárias). Durante a picada o mosquito inocula na corrente sanguínea do cão as microfilárias que seguem depois para as artérias pulmonares no coração onde desenvolvem-se em filárias adultas.

Os sintomas normalmente surgem vários meses após o animal ser infectado. São comuns as dificuldades respiratórias, tosse crónica, intolerância ao exercício, perda de apetite, perda de peso e morte súbita.
Se a doença for diagnosticada atempadamente tem cura, no entanto o tratamento é muito dispendioso e apresenta riscos para a saúde do animal.
A prevenção pode ser feita com base em comprimidos administrados ao cão todos os meses (que eliminam as microfilárias em circulação) e com o uso de repelentes (pipetas) que previnem a picada do mosquito. Se viajar com o seu animal para zonas endémicas de dirofilariose, previne-se antes.
É considerada uma zoonose pois afecta o Homem, embora isso ocorra muito raramente. O Homem infecta-se quando os mosquitos vectores se alimentam dele de forma acidental. As larvas de dirofilária são transmitidas ao sangue periférico e na maioria dos casos, não ultrapassam o tecido subcutâneo, morrendo aí. Se a infecção progredir, a dirofilariose humana manifesta-se de maneira diferente dos animais: provoca infiltrações nodulares em vários órgãos como o fígado e pulmões.

  • ZOONOSES TRASMITIDAS POR CARRAÇAS


Em todo o mundo as carraças são a segunda causa de transmissão de doenças infecciosas, a seguir ao mosquito.
As carraças adultas fixam-se aos animais para se alimentarem do seu sangue. Elas são bem visíveis à vista desarmada, sendo vulgar verem-se em maior ou menor número fixadas à pele dos animais. Ao picarem podem transmitir doenças infecciosas.
Normalmente os animais apanham carraças em zonas com vegetação, arbustos ou plantas em geral como nos campos, parques e jardins das cidades.

A doença comummente designada por “Febre da Carraça” abrange um conjunto de patologias provocadas por diferentes agentes etiológicos, que têm em comum o facto de serem transmitidas pela picada de carraças. Entre elas temos:
                - Babesiose,
                - Doença de Lyme,
                - Erliquiose,
                - Riquetsiose

Estas doenças afectam o cão, e ocasionalmente o gato. São zoonoses mas não é o cão ou o gato que as transmitem ao Homem, é a picada de carraças.
Nas zonas endémicas, acontece muito frequentemente a co-infecção com Leishmania infantum. Isto representa um desafio maior para o Médico Veterinário porque os animais com várias infecções podem apresentar sintomas clínicos diferentes dos que são observados em animais infectados por um só agente patogénico.
Manifestam-se por: febre, letargia, anorexia, dor e inflamação articular, anemia, hemorragias e perda de peso. Os animais nem sempre apresentam todos estes sinais, tornando difícil o diagnóstico. Também não é raro os sintomas surgirem bastante tempo após a remoção das carraças.

Para prevenir é importante reduzir o número de picadas de carraças. 
O que posso fazer?
- Tenha cuidado nas saídas ao campo. Afaste-se dos arbustos e use vestuário que cubra as pernas e braços.
-Retire o mais depressa possível as carraças fixadas em si e nos animais. A transmissão de doenças é mais provável de ocorrer se a fixação superar as 12-24 horas.
- Não deixe que o seu animal ande por zonas de arbustos e vegetação alta.
- Desparasite o animal contra as carraças, durante todo o ano, com produtos recomendados pelo Médico Veterinário. As alturas do ano de maior preocupação são, em Portugal, de Março a Setembro. A prevenção deve iniciar-se antes de começarem a surgir as primeiras carraças.

  • BARTONELOSE FELINA - DOENÇA DA ARRANHADELA DO GATO
Esta doença que é mais comum no Outono e Inverno é provocada pela bactéria Bartonella henselae. Os gatos são o principal reservatório da bactéria, em especial os que tem menos de 1 ano de idade e os gatos vadios.
As pulgas são os vectores responsáveis pela transmissão da infecção aos gatos. A bactéria encontra-se na saliva ou fezes de pulgas infectadas.
As pulgas dos gatos não são as mesmas que afectam os cães. Da mesma forma, há diferentes espécies de Bartonella spp, em que umas infectam os gatos (Bartonelose felina) e outras os cães (Bartonelose canina). A infecção nos cães e gatos dá-se por intermédio da picada de pulgas. Das diferentes espécies que causam a Bartonelose felina  a Bartonella henselae é que é responsável pela zoonose: Doença da arranhadela do gato.
O gato é infectado quando é picado pelas pulgas ou contacta com as suas fezes ao lamber-se (aquando da limpeza da pelagem). A bactéria depois segue para a corrente sanguínea alojando-se nos eritrócitos afectando os órgãos. O gato torna-se então portador da bactéria.
A maioria dos gatos não apresenta sinais clínicos e a doença (Bartonelose felina) é subclínica. Se tiverem sinais são subtis como uma febre ligeira, apatia ou falta de apetite. Contudo nos gatos com o sistema imunitário deficiente devido à SIDA ou leucemia felina os sintomas podem ser mais graves e a doença ser fatal.  
 Nas pessoas com esta doença há história de arranhadela em 67% dos casos ou contacto com gatos em 90% dos casos e o gato em questão é habitualmente saudável.
As pessoas não adquirem a infecção através da picada da pulga. O Homem infecta-se quando é arranhado ou mordido por um felino hospedeiro da bactéria. Os gatos podem ter fezes de pulga nas unhas e infectar o Homem ao arranhá-lo. O Homem apresenta no local de inoculação vermilhão e pequenas pápulas ou pústulas. Segue-se depois o aumento dos gânglios linfáticos locais, mal-estar, dores de cabeça e febre. Contudo se a pessoa tiver o sistema imunitário comprometido a infecção pode tornar-se sistémica e mais grave.
O diagnóstico da infecção no gato é complexo e nem sempre 100% fiável. Os gatos infectados com sintomas devem ser tratados.
A prevenção passa por desparasitar o gato contra as pulgas, ter cuidado no contacto com gatos doentes e evitar as arranhadelas. Se acontecer, desinfectar imediatamente a zona arranhada.

Artigo escrito por Sandra Oliveira – médica veterinária (CP 4910)

 Clínica Veterinária de Mangualde
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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

PARTE II - Zoonoses causadas por parasitas intestinais do cão e gato

Clínica Veterinária de Mangualde
             Dr. Benigno Rodrigues
             Dra. Sandra Oliveira





PARTE II - Parasitoses intestinais do cão e gato que são zoonoses


v   GIARDIA

O protozoário Giardia lamblia é responsável por uma das zoonoses mais comuns de ocorrer nos seres humanos transmitidas pelos animais de estimação, em particular cães e gatos jovens, entre 1 e 8 meses de idade.
A infecção por Giardia ocorre através da ingestão de quistos eliminados nas fezes dos animais, presentes no meio ambiente, na água e nos alimentos ou nos pêlos dos animais.

Os animais de rua e aqueles que estão em canis, gatis estão mais expostos à infecção. Muitos animais podem estar contaminados, não apresentando qualquer sinal de doença, mas podem potencialmente infectar outros animais e pessoas.
Provoca nos animais e nas pessoas uma infecção intestinal levando a desidratação, diarreia, dor abdominal e perda de peso.

A cura no animal é difícil de obter, porque mesmo que seja bem tratado é muito frequente ocorrer reinfestações devido à dificuldade da eliminação dos quistos infectantes do ambiente (devido à sua elevada resistência). Além disso há uma grande quantidade de portadores assintomáticos, que eliminam quistos nas fezes, mesmo após o tratamento.
Como tal, o controlo é fundamental e baseia-se em 3 pontos importantes: desinfecção do meio ambiente, tratamento dos animais e prevenção da reinfecção. 
Para isso deve-se desparasitar os animais, limpar/desinfectar o ambiente com água quente e lixívia, evitar que fique húmido, não deixar fezes expostas e assegurar que os alimentos e a água não se contaminem com as fezes.
Para o controlo desta zoonose no Homem as recomendações são:
-Lavar as mãos depois de tocar num animal infectado.
-Evitar que as pessoas imunodeprimidas tenham contacto com fezes de animais parasitados.
-Usar sempre água tratada e controlada.
-Manter bons hábitos de higiene.

  ASCARÍDEOS

Os ascarídeos estão entre os mais comuns parasitas que infectam o tracto intestinal dos animais domésticos. Geralmente chamados de “lombrigas”, os nemátodes Toxocara spp na sua forma adulta, são vermes grandes esbranquiçados com até 18cm de comprimentos que parasitam o intestino delgado.

Estes parasitas são muito comuns em gatinhos e cachorros. São visíveis se forem expulsos pelo vómito ou fezes, mas é bem possível que animais infectados não apresentem sintomas externos.
As “lombrigas” habitam o tracto intestinal e expulsam ovos que saem para o meio ambiente juntamente com as fezes dos animais. Uma única fêmea de ascarídeo pode produzir até 200 mil ovos por dia.
Os animais de estimação podem ser infectados por várias formas:
-Ingestão de solo (areia ou terra), vegetação ou alimentos contaminados com ovos;
-Ingestão de hospedeiros intermediários (roedores, coelhos ou pássaros) contaminados;
-Através do leite durante a amamentação;
-As larvas também podem passar da mãe contaminada para os filhotes através da placenta durante a gestação (apenas nos cachorros).
Os cães infestados com ascarídeos podem apresentar dificuldade em ganhar peso, diminuição de apetite, diarreia, vómito, pelagem fraca e aparência de barriga dilatada.


Entre as zoonoses parasitárias adquiridas pela relação próxima com os animais de companhia, uma das mais importantes é a chamada síndrome da Larva Migrans Visceral. Este termo refere-se às infecções que podem afectar o Homem pela ingestão acidental de larvas dos nemátodes com maior prevalência no cão e no gato: Toxocara canis e Toxocara cati, respectivamente. No Homem não são os vermes adultos que causam problemas mas as suas larvas. Quando ingeridas elas migram para os restantes órgãos do organismo e permanecem lá, causando danos, em especial no fígado e olhos.
           
v   ANCILOSTOMÍDEOS

Os Ancilostomídeos adultos são nemátodos pequenos, com cerca de 1 a 1,5cm de comprimento que parasitam o intestino delgado dos cães e gatos. No cão o nemátodo mais importante é o Ancylostoma caninum. Este parasita é responsável por uma elevada mortalidade e morbilidade nos cães, principalmente pela sua actividade hematófaga no intestino que causa uma grande perda de sangue.
Os cães infestados com ancilóstomos, em particular os mais jovens e debilitados, podem desenvolver anemia, anorexia, perda de peso, fraqueza e diarreia.
A transmissão ocorre através da ingestão de larvas (ao farejar, lamber o chão, comer algum alimento contaminado ou ingerir roedores ou baratas infestadas com larvas), penetração das larvas na pele do animal ou da amamentação.
As fontes de infecção são normalmente as superfícies de solo húmido e areia que foram contaminadas com as larvas contidas nas fezes dos animais.

Os cães podem transmitir ancilóstomos aos seres humanos, causando a Síndrome da Larva Migrans Cutânea. Este problema é mais frequente em praias e em terrenos arenosos, onde os cães e gatos contaminam o ambiente com as fezes. O parasita (forma larvar) penetra na pele, provavelmente na zona dos pés e provoca infecções cutâneas. As pessoas ao andarem descalças pela areia podem ficar infectadas. As crianças podem infectar-se por contacto directo ou por ingestão ao brincarem nos depósitos de areia para construção, ou nos tanques de areia dos parques infantis.


v   TÉNIAS

As infecções por céstodes (conhecido como ténias) no cão e gato têm uma grande importância para a saúde pública. As espécies de maior interesse e que são zoonoses são a Taenia multiceps, a Taenia serialis no cão e a Taenia taeniformes no gato. 

A doença causada por estes vermes nos hospedeiros definitivos (cão e gato) é chamada de Teníase e nos hospedeiros intermediários: Homem, ruminantes, roedores e leporídeos de Cisticercose.
Os cães e gatos são infectados pela ingestão de ovos presentes na água, fruta, vegetais ou adquiridos directamente a partir do solo. A infecção pode ainda ocorrer por ingestão de carne ou vísceras dos hospedeiros intermediários parasitados – ruminantes e roedores – com a forma larvar: cisticercos. No intestino os cisticercos desenvolvem-se em adultos, crescem, reproduzem-se e produzem ovos que são depois libertados nas fezes. As ténias adultas podem viver anos dentro do intestino.
A presença destes céstodes no intestino delgado do cão e gato provoca diarreia, perda de peso, dor abdominal e prurido anal. Em casos de infecções maciças pode ocorrer: obstrução do trânsito intestinal.
O hospedeiro intermediário, incluindo o Homem, é infectado quando ingere os ovos eliminados com as fezes de cães e gatos que contaminam os pastos, terra e a água.
A melhor prevenção para evitar que cães e gatos sejam infectados é desparasitá-los regularmente e não  dar carne crua. A carne e as vísceras dadas aos animais devem ser completamente cozinhadas.

v   TÉNIA Echinococus spp. (EQUINOCOCOSE/HIDATIDOSE)

O Echinococcus spp é um cestode muito pequeno, com 3 a 6 mm de comprimento, da mesma família das ténias. A sua forma adulta parasita o intestino do cão ou gato causando a Equinococose, enquanto a forma larvar – o quisto hidático – acomete os herbívoros e acidentalmente o Homem, causando a Hidatidose.
Este género (Echinococcus spp) inclui 2 espécies de grande importância:
         - Echinococcus granulosus: Responsável pela Hidatidose Quística no Homem e nos animais de produção (hospedeiros intermediários). O hospedeiro definitivo é o cão ou outros carnívoros selvagens.
        - Echinococcus multiocularis: Produz a Hidatidose Humana Alveolar. Afecta o cão, o gato e outros carnívoros (hospedeiros definitivos).
Os adultos de Echinococcus parasitam o intestino delgado do hospedeiro definitivo, reproduzem-se e dão origem a ovos que saem com as fezes. Os ovos não são visíveis a olho nu e conseguem permanecer no meio ambiente durante longos períodos de tempo graças à sua grande resistência às mudanças ambientais.

O cão ao lamber-se pode espalhar na pelagem ovos que depois podem ser ingeridos por uma criança que faz festas ao cão e que não tem uma adequada higiene das mãos. A proximidade Homem-cão é propícia ao ciclo zoonótico desta doença.
Os ovos presentes nas fezes, pêlo do cão,  água ou alimentos podem ser ingeridos acidentalmente pelo Homem e por outros mamíferos e dar origem ao chamado quisto hidático.
 Os cães e gatos adquirem a infecção (equinococose) quando ingerem os hospedeiros intermediários infectados com quistos (por ex. quando comem restos e vísceras de porco, vaca, cabra, ovelha).
 A Hidatidose é uma zoonose de distribuição mundial que provoca grandes prejuízos económicos, além de representar um importante problema de saúde pública. Embora no cão esta ténia não cause graves alterações, no Homem pode enquistar-se em vários órgãos (cérebro, pulmão, fígado) atingindo dimensões consideráveis e pôr-lhe a vida em risco. Esta zoonose acarreta gravíssimos perigos, como a compressão exercida nos órgãos vitais quando atinge grandes dimensões e o perigo dum choque anafiláctico mortal aquando da disseminação dos quistos-filhos pelo organismo.
A sua prevenção não é difícil, passa pela simples desparasitação do seu animal regularmente com produtos recomendados pelo Médico Veterinário e ter alguns cuidados: não dar-lhe a comer vísceras e carnes cruas, não deixar-se lamber em particular no rosto, alimentá-lo em recipientes próprios e lavados separadamente, manter os cães e os locais onde permanecem limpos, não beber água não tratada e de origem desconhecida, lavar muito bem frutas e vegetais que se comem crus, e seguir boas práticas de higiene como lavar sempre as mãos antes de comer e depois de contactar com os animais.

  TÉNIA Dipylidium caninum (DIPILIDIOSE)

O Dipylidium caninum é um céstode muito comum em cães e gatos e que têm um forte potencial zoonótico.
As pulgas intervêm como o hospedeiro intermediário da ténia. Esta infecta cães e gatos quando estes ao lamberem-se ou ao mordiscarem o pêlo ingerem pulgas infectadas com larvas de ténia. As larvas vão para o intestino e lá evoluem para a forma adulta.

Tal como os outros céstodes, os adultos parasitam o intestino delgado dos hospedeiros. Estas ténias raramente provocam sinais evidentes nos animais, mas quando os animais têm infecções massivas podem vir a ter diarreia, anemia, vómitos, perda de peso e prurido anal.
As pessoas e em particular as crianças, podem infestarem-se ao brincam com os seus animais de estimação e ingerir acidentalmente fezes ou pêlos do seu animal.
 Muito frequentemente, os proprietários de cães ou gatos parasitados com ténias verificam a saída de pequenos segmentos destas pelo ânus dos animais, ou então vêem os mesmos segmentos secos, agarrados ao pêlo doa animais ou caídos na cama, assemelhando-se a pequenas sementes brancas.
 A infecção é comum nos locais onde existem muitas pulgas, nomeadamente nas zonas urbanas e rurais.
Assim, faz todo o sentido que um animal no qual se detecte a presença de pulgas, seja também desparasitado internamente.

Concluindo:

A prevenção através da desparasitação regular de 3 em 3 meses é a melhor arma contra a infestação dos animais domésticos por parasitas intestinais e uma arma eficaz contra a transmissão de doenças ao ser humano.
Convém fazer pelo menos uma desparasitação anual das crianças e família.

Além destas formas de prevenção devem-se aplicar as medidas básicas de higiene como a lavagem das mãos, a cozedura adequada da carne e a lavagem cuidadosa das verduras, legumes e frutas crus.
As crianças são um alvo fácil de infecção, porque de forma despreocupada contactam com cães e gatos doentes ou não, e facilmente levam as mãos á boca.

Artigo escrito por Sandra Oliveira – Médica Veterinária (CP 4910)

 Clínica Veterinária de Mangualde
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PARTE I - Principais Zoonoses transmitidas pelo cão e gato

Clínica Veterinária de Mangualde
             Dr. Benigno Rodrigues
             Dra. Sandra Oliveira





PARTE I – As principais zoonoses transmitidas pelo cão e gato


  •  RAIVA
A Raiva foi reconhecida por volta dos anos 2300 A. C. É uma doença muito grave e fatal, causada pelo vírus: Lyssavirus, que afecta todos os animais mamíferos, incluindo os seres humanos. Por cada ano que passa esta doença mata mais de 50 000 pessoas e milhões de animais em todo o mundo. A raiva é endémica na América Central e do Sul, Ásia e África.
A saliva constitui a sua principal forma de transmissão. Os animais domésticos infectam-se em situações de mordeduras, e menos comum, em arranhões e lambidelas, de animais raivosos. O vírus entra no organismo através do contacto da saliva com ferimentos da pele ou mucosas.
A transmissão ao Homem ocorre geralmente através da mordedura de animais infectados como por exemplo cães, gatos, morcegos, etc.
Esta doença que afecta o sistema nervoso central passa por várias fases. Há uma fase excitativa em que o cão tem alterações de humor, torna-se agressivo, auto mutila-se e saliva muito, e depois uma fase paralítica em que o animal desenvolve uma paralisia progressiva, incapaz de comer, beber, acabando por  morrer.
Desde 1960 que Portugal está sem registos de casos de Raiva. Tal feito deve-se à campanha de vacinação anti-rábica do Programa Nacional de Luta e Vigilância Epidemiológica da Raiva Animal e outras Zoonoses que obriga à vacinação de todos os cães com mais de 3 meses de idade e aos gatos que participem em concursos/exposições.
Contudo, a Raiva não deixa de ser uma ameaça constante porque há a possibilidade de existência do vírus devido à migração de mamíferos contaminados, quer domésticos, quer selvagens. Não há controlo dos animais selvagens e as fronteiras com países onde a raiva é ainda um problema como o caso do Brasil, Angola estão abertas. Os portugueses podem ficar expostos quando viajam para países onde a raiva é endémica e quando se introduz em Portugal, de forma ilegal, animais provenientes de regiões afectadas.

A prevenção é muito importante. Como fazer?
Vacine os seus animais de companhia contra a raiva (inclusive os gatos),  cumpra as regras de circulação de cães e gatos entre países da União Europeia e fora dela, e evite mordeduras.
 Esta doença não tem cura e leva à morte. Todos os animais que tenham entrado em contacto com um animal suspeito de raiva têm de ficar em quarentena. Em qualquer suspeita, o médico veterinário deve ser informado.

  •   DERMATOFITOSE/ TINHA
É transmitida facilmente por contacto directo com um animal infectado. A transmissão directa de cães e gatos ocorre em cerca de 30% dos casos de tinha nos humanos.
Aconselha-se a que os proprietários de animais afectados lavem muito bem as mãos após manipulação do cão ou gato e que não permitam que as crianças brinquem com o animal até estar tratado.
No caso de o seu animal apresentar algum problema de pele (por exemplo: peladas redondas) deve consultar o Médico Veterinário para que se faça um diagnóstico correcto e se inicie o tratamento o quanto antes. Esta doença demora muito tempo a controlar-se.


  • SARNA
A sarna sarcóptica ou escabiose canina, causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei, é altamente contagiosa para outros cães e para o Homem. Nos gatos o tipo de sarna contagiosa para o Homem é a sarna notoédrica causada pelo Notoedres cati.
A transmissão para outros animais e Homem é feita através do contacto directo com um animal infectado ou com o seu ambiente envolvente.
A sarna sarcóptica provoca intenso prurido, eritema (pele avermelhada), queda de pelo, crostas na pele e escoriações. As áreas mais afectadas são a cabeça, a ponta das orelhas, ao redor dos olhos, abdómen, cotovelos, podendo evoluir para qualquer região do corpo se não for tratada. A sarna notoédrica é muito mais rara que a sarna sarcóptica e atinge preferencialmente a cabeça do animal causando crostas secas e muito prurido.
No Homem a sarna devida a contacto com animais com sarna, apresenta um quadro clínico muito menos grave.

A Queiletielose ou sarna causada pelo ácaro Cheyletiella, conhecida como “caspa ambulante” é também uma zoonose altamente contagiosa. É o tipo de sarna menos severo em cães e gatos. A transmissão ocorre por contacto físico frequente e directo da pessoa com o animal infectado, com o ambiente ou objectos que tiveram contacto com o animal. Os ácaros são vistos na pele do dorso do animal como pequenas escamas ou caspa. Causa prurido, vermilhão na pele, e uma pelagem baça e quebradiça. Actualmente a sua ocorrência é baixa devido às melhores condições de higiene do pêlo e ao uso de produtos antiparasitários contra pulgas e carraças que são eficazes no combate aos ácaros.
 
Se tiver um animal infectado com sarna, para evitar o contágio, deve isolar o animal e tratá-lo com produtos aconselhados pelo Médico Veterinário. Além disso, deve usar luvas para manipular o animal, lavar todos os tecidos que tiverem contacto com ele, como: mantas, tapetes, roupas, e limpar bem o local onde vive.

A Sarna Otodécica e a sarna Demodécica são outros tipos de sarna muito comuns nos cães mas não são contagiosos para os seres humanos.

  • TOXOPLASMOSE   - no gato
A infecção pelo protozoário Toxoplasma gondii ocorre numa série de animais de sangue quente (coelhos, aves, porcos, cães, gatos, etc), incluindo o Homem. Os gatos são o único hospedeiro definitivo, onde ocorre o ciclo sexual do parasita e a única espécie capaz de transmitir a doença ao Homem.
Os gatos infectam-se através da ingestão de animais caçados (geralmente roedores) ou de carne crua. Quando infectados, o parasita multiplica-se nas células do intestino eliminando oocistos que saem nas fezes para o ambiente. Estes oocistos passado um tempo (48 a 72 horas) esporulam e tornam-se infectantes.

 A infecção no Homem ocorre através de:
      - Ingestão de água e/ou alimentos contaminados com oocistos esporulados provenientes das fezes de gatos;
      - Directamente pela ingestão das fezes de gatos infectados;
Como não comemos voluntariamente fezes de gatos, geralmente a infecção ocorre por ingestão de alimentos como legumes e vegetais, ou carne crua mal cozinhada. Não há transmissão directa de uma pessoa para outra.
A infecção nos seres humanos raramente dá sintomas ou complicações, excepto se estiverem com o sistema imunitário comprometido, como as pessoas com cancro ou SIDA. Nestas pessoas a infecção é grave e pode ser fatal.
A infecção do feto humano através da placenta (infecção da grávida e passagem para o feto) representa a maior ameaça nos seres humanos pois pode levar a manifestações graves como o aborto, prematuridade e morte fetal. Os recém-nascidos infectados podem ter defeitos congénitos e desenvolver febre, aumento do fígado e baço, icterícia, convulsões, paralisia, atrasos de desenvolvimento, etc.
Devem ser rastreadas todas as mulheres antes e durante a gravidez, para saberem se são imunes ou não à toxoplasmose.
Se as grávidas não forem imunes devem ter alguns cuidados como por exemplo: manusear carnes cruas e verduras com luvas, lavar muito bem as verduras e frutas cruas, retirar a casca das frutas, evitar ingestão de enchidos ou carnes mal cozinhadas, evitar manusear fezes de gatos e usar luvas durante a jardinagem.
 Pode-se rastrear os gatos quanto à presença de Toxoplasma gondii – pergunte ao Médico Veterinário.
Como medidas preventivas deve: mudar a caixa de areia com frequência e retirar as fezes o mais cedo possível. Não contacte directamente com as fezes – use sempre luvas. Como os oocistos são resistentes aos desinfectantes mais banais use água com lixivia para desinfectar e lavar a caixa de areia no caso de suspeitar de contaminação.

  • LEPTOSPIROSE   - no cão
Conhecida como “a doença dos ratos”, a leptospirose é causada pela bactéria Leptospira spp., que afecta a maior parte dos animais, inclusive o Homem. A bactéria é eliminada na urina de animais infectados (sobretudo ratos) e sobrevive muito tempo em ambientes húmidos (pântanos, água das fossas, charcos, etc…).  
Transmite-se ao Homem: directamente através do contacto com urina de roedores, ou indirectamente com o contacto de alimentos ou águas contaminadas com urina - por ingestão ou penetração na pele lesionada.
O seu cão pode ficar infectado se beber, nadar ou andar sobre água contaminada, comer alimentos contaminados com urina de ratos, comer ratos ou outros animais doentes. Quando doente o seu cão pode transmitir-lhe a infecção se tiver contacto com a urina dele. Já a pessoa, se infectada, não transmite a doença a outras pessoas.
 Os sintomas no cão são muito variáveis, dependendo da idade, da imunidade do animal e do tipo de serovar da bactéria infectante. Origina problemas hepáticos, renais, hemorragias, vómitos, dor abdominal e perda de apetite. A doença é grave e altamente fatal se não vacinar o seu cão. A vacina contra a leptospirose está incluída na vacina que geralmente se administra contra as doenças infecciosas.
  A ocorrência da doença nas pessoas, conhecida como “Doença de Weill”, é rara. Se acontecer leva a sintomas variados como febre alta, dor de cabeça, dores musculares, vómitos, diarreia e dor abdominal. Sem tratamento pode levar a alterações no rim, fígado e à morte.

Que medidas preventivas devo seguir?

- Evitar situações de contacto com urina de roedores e dos próprios animais domésticos;
- Desinfecção e drenagem de águas paradas e limpeza de terrenos baldios;
- Lavagem dos alimentos, em especial os que são comidos crus;
- Desinfecção e limpeza com lixívia de locais susceptíveis de atrair ratos;
- Exterminação dos roedores;
- Usar sempre luvas durante a limpeza dos canis, manipulação do animal e das suas excreções;
- Isolar os animais doentes;
- Desinfectar ou incinerar todos o material que entrou em contacto com ele;
- Evitar deixar a comida do seu cão disponível todo o dia, ela pode atrair ratos que podem urinar em cima e consequentemente infectar o cão.
- Mantenha a vacina do seu cão em dia.


Artigo escrito por Sandra Oliveira – médica veterinária (CP 4910)

 Clínica Veterinária de Mangualde
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