quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

CUIDADOS A TER COM O SEU ANIMAL DE ESTIMAÇÃO DURANTE O NATAL E ANO NOVO

Clínica Veterinária de Mangualde
             Dr. Benigno Rodrigues
             Dra. Sandra Oliveira





CUIDADOS A TER COM O SEU ANIMAL DE ESTIMAÇÃO DURANTE O NATAL E ANO NOVO - QUAIS OS PERIGOS A TER EM CONTA E COMO PREVENIR


Estamos em Dezembro. A época natalícia e de fim de ano estão a chegar e com ela as celebrações e decorações associadas.
O Natal é  uma época de festa, alegria e de estar com a família. Prepara-se a casa para a recepção dos familiares e convidados, colocam-se as decorações e enfeites natalícios, faz-se a árvore de Natal, compram-se presentes e prepara-se os pratos e os doces típicos da época.
Muitas vezes, no meio de tanta comemoração, esquecemo-nos dos potenciais perigos que estas festas acarretam para os nossos animais de companhia. Estes perigos variam desde a ingestão de corpos estranhos, envenenamentos por ingestão de plantas e alimentos tóxicos a choques eléctricos.
Durante esta época do ano, verifica-se um crescente número de incidentes com os cães e gatos por causa dos perigos associados, mas é fácil evitá-los. A melhor forma é estar consciencializado da existência desses perigos e saber como prevenir-se. Manter as tentações longe do seu animal, pode aumentar as hipóteses de ele e você passar um Natal e Ano Novo seguros e felizes.
Neste artigo, a Clinica Veterinária de Mangualde informa-o dos potenciais perigos e dá-lhe alguns conselhos a seguir para garantir a segurança e o bem-estar do seu animal de estimação, nesta época de festividades.

Árvore de Natal

A decoração de Natal e em especial, da árvore de Natal, quer seja natural ou artificial, está cheia de perigos para o seu animal.
                Para nós, seres humanos, a árvore de Natal é um símbolo de Natal interessante e muito bonito de se ver, já para os cães e gatos, a árvore é vista como um brinquedo gigante que o dono trouxe para casa para explorar e brincar. Enquanto estiver ao seu alcance, ele não vai perdê-la de vista e deixá-la sossegada. Na brincadeira, poderá tombá-la e deixá-la cair ao chão. Com isso irá estragar-lhe a árvore ou até provocar um foco de incêndio.

As agulhas das árvores de Natal naturais são muito pontiagudas e facilmente podem espetar as patas ou ser engolidas e ficar presas na faringe do seu animal de estimação.
          As decorações e os enfeites da árvore, como por exemplo as bolinhas, as fitas, os laços coloridos e ainda as luzes são muitos atraentes para brincar, e um isco muito tentador para a boca dos nossos animaizinhos. Eles podem, sem querer, engolir uma fita ou morder uma bola, até ficar desfeita em pedaços, o que poderá levar a distúrbios gastrointestinais graves como obstruções ou perfurações intestinais. Este problema é bastante frequente nos cachorros e gatinhos e motivo de consulta urgente ao Médico Veterinário.
         
         Portanto, para deixar a árvore de Natal mais segura e o seu animal livre de perigo, siga estas sugestões:
           - Coloque a árvore num local o mais longe possível do alcance do seu animal de estimação;
           - Certifique-se que a árvore encontra-se bem fixa ou ancorada para evitar ser derrubada;
           - Evite usar decorações que possam partir-se se caírem ao chão, e de pequeno tamanho que possam ser ingeridas pelo seu cão/gato, podendo provocar asfixia ou obstruções intestinais.
            - Não pendure chocolates ou outros doces na árvore de Natal pois o seu animal facilmente os cheira e ficará tentado a comê-los.
          - Se colocar luzes na árvore mantenha todos os fios eléctricos e conexões das luzes protegidas e longe do alcance do seu animal. Desta forma, evita que sejam roídos podendo causar electrocussão ao seu animal.
            -Remova diariamente todas as agulhas do pinheiro que caem ao chão.

Enfeites e decorações de Natal

Qual é o gatinho ou cachorro que não acha piada á bolinhas ou às fitas do Natal?
Os enfeites de natal são extremamente atractivos aos olhos das nossas mascotes, em especial para os mais jovens. O pinheiro de Natal, as fitas decorativas, as luzes cintilantes, as bolas coloridas e até as figuras do Presépio são um brinquedo divertido para o seu animal, mas constituem um perigo para a sua saúde. Estes enfeites quando ingeridos, inteiros ou mastigados, ao passar pelo tubo digestivo podem causar lesões na mucosa gastrointestinal (úlceras e hemorragia), e até mesmo uma perfuração com peritonite. Além disso, podem ficar presos e causarem asfixia ou uma obstrução intestinal, que poderá culminar na morte do animal. Estas situações requerem uma intervenção médico-veterinária urgente e a maioria necessita de cirurgia para serem removidos.
Geralmente os gatos preferem as fitas dos presentes, as luzes a piscar e as folhas do pinheiro que as bolas ou outros objectos de grandes dimensões. 
Se desaparecer algum destes objectos, pense na possibilidade de que talvez tenha sido ingerido pelo seu animal. Para evitar esse risco, coloque os enfeites fora do alcance do seu animal.

Luzes de Natal

Depois de erguer a árvore de Natal quem não gosta de vê-la toda iluminada, assim mesmo como a casa?
           As luzes de natal são muito perigosas para os nossos animais, portanto, todo o cuidado é pouco. O facto de emitirem luzes de várias cores e de piscarem atrai muito os olhares dos nossos amiguinhos. Eles podem puxar com as patas ou roer os fios das luzes sujeitando-se a serem electrocutados.
                Um choque eléctrico pode causar queimaduras na língua e no focinho, alterações neurológicas e/ou metabólicas graves, edema pulmonar agudo, ou então morte imediata.
                A recomendação a seguir é a mesma para os enfeites: mantenha as luzes longe do seu animal e fique sempre atento ao comportamento dele. A atenção deve ser redobrada se o seu animal for um gatinho ou um cachorrinho.


Presentes na árvore de Natal

É tradição colocar os presentes á volta da árvore de Natal, que geralmente é colocada no chão. As embalagens de cartão, plástico, as fitas e os laçarotes atraem muito os cães e gatos, e por ficarem no chão, tornam-se acessíveis. Os cães e os gatos são curiosos por natureza e vão com toda a certeza investigar esses objectos. Vão cheirar, morder e/ou engolir os materiais de embrulho e decoração dos presentes, o que pode levar a obstruções intestinais graves.
Portanto, para evitar acidentes, guarde os presentes num local onde o seu cão ou gato não os encontre. Além disso, tenha uma especial atenção a presentes frágeis, que possam partir-se facilmente, e remova todos os materiais de embrulho (papeis, fitas, plásticos) do chão. É muito provável que o seu animal vá brincar com eles.

Alimentos perigosos

        Festa significa boa e farta comida à mesa. 
       Durante esta época é tradição encher a mesa com petiscos, doces tradicionais e pratos típicos do Natal como é exemplo o perú assado, o arroz de polvo, o bacalhau com batatas cozidas, o bolo-rei, as rabanadas, a aletria e os frutos secos. Todos estes petiscos são uma tentação muito grande para os nossos animais, que fazem de tudo para que os seus donos não resistam a partilhar com eles os seus pitéus. No entanto, muitos destes pratos, doces e alimentos típicos são perigosos para a saúde deles.
No meio de tantos preparativos e distracções, o seu animal pode roubar comida da mesa de jantar, da bancada da cozinha ou do recipiente do lixo, por isso, esteja atento.
Além disso, não deve oferecer, nem que seja um bocadinho da comida ou dos restos das sobras do jantar, por mais irresistível que seja o olhar piedoso do seu cão ou gato. Peça aos seus convidados e familiares para fazerem o mesmo.
É necessário ter cuidado para que ele não ingira estes alimentos porque podem causar-lhe problemas gastrointestinais, entre outros.


Evite dar os seguintes alimentos:

- Doces.
- Café.
- Chocolates.

Nesta época natalícia o chocolate é talvez a guloseima mais preferida das crianças e também dos adultos. É também muito comum o seu consumo pelos cães e gatos quer seja oferecido pelos donos ou roubado pelo animal.

Nos cães e gatos o chocolate pode provocar um quadro grave de intoxicação. Os sintomas variam desde agitação, hiperactividade, diarreia, vómito, hemorragia gastrointestinal, convulsões, arritmias, aumento da temperatura corporal, aceleração do ritmo respiratório e em casos mais graves, a morte.

Porquê?
O chocolate apresenta na sua constituição, além de outras coisas, gordura, cafeína, e uma substância tóxica para os cães e gatos chamada teobromina. O chocolate preto contém 10 vezes mais teobromina que o chocolate de leite, portanto, quanto mais escuro, puro e concentrado em cacau for o chocolate, maior é o risco de intoxicação.
Outra particularidade da intoxicação por chocolate é que as quantidades tóxicas não precisam necessariamente de ser ingeridas de uma só vez, por vezes bastam doses pequeninas ingeridas ao longo de vários dias sucessivos para levar também à intoxicação.
Uma tablete de 100gr de chocolate preto pode matar um cão de raça pequena (como um Yorkshire terrier ou um Caniche), assim como uma tablete de 200gr pode matar um Retrievier do Labrador.
Trata-se de uma emergência, pelo que deve levá-lo ao Médico Veterinário.
Por isto tudo, a melhor recomendação é evitar que os nossos companheiros de quatro patas tenham acesso ao chocolate e a não partilhar com ele os doces natalícios. Não se esqueça também que não é só o chocolate em barra e os bombons de chocolate que são perigosos, há muitos bolos e biscoitos que têm chocolate na sua constituição, que também deve ter atenção.

- Pratos de carne e/ou ricos em gordura e temperos.
Os pratos de carne, especialmente os com molhos ou gorduras, tanto cozinhados como crus, podem causar uma intoxicação alimentar grave ao seu animal, com complicações gastrointestinais. O organismo dele não está habituado a suportar estas comidas. Não são raros os casos de animais doentes com vómitos e diarreia, que nos chegam á Clinica Veterinária por causa destes excessos.

- Ossos.
Dar ossos ao cão pode parecer natural mas é perigoso para ele, especialmente os ossos de aves (frango, perú) que podem ficar retidos na garganta e asfixiá-lo. Além disso ao serem mastigados podem lascar-se e causar obstruções/lacerações no tubo digestivo.
Não se esqueça: os ossos, a comida caseira e as sobras dos pratos não são alimento para o seu animal. Podem fazer-lhe mal á saúde.

- Frutos secos e passas.
Nesta época abundam na mesa de Natal de muitos lares bolos e biscoitos feitos com frutos secos, fruta cristalizada, além de amêndoas, nozes, pistácios e passas.
Todos estes alimentos se forem ingeridos pelo seu animal são tóxicos.


Bebidas Alcoólicas
               
          O champanhe, o Vinho do Porto, os licores, a cerveja, em suma todas as bebidas alcoólicas, além da Coca-cola e até o próprio café se ingeridos pelo seu animal podem trazer consequências negativas para a sua saúde. No meio de tanta festa e azáfama é fácil esquecer um copo cheio em locais onde facilmente o seu animal chega. Se não estiver atento, ele pode lá chegar e tentar provar um pouco.
       Aém disso, alguns donos acreditam que se a bebida não faz mal a eles, também não fará mal ao seu animal de estimação, mas estão enganados. O álcool é absorvido de forma muito mais rápida pelo organismo dos nossos animais, o que consequentemente  leva a efeitos negativos para a saúde, como náuseas, vómitos, problemas respiratórios, etc.

Velas

Na época natalícia é muito frequente a decoração de toda a casa com velas, embora estas possam representar um perigo para o seu animal. Por curiosidade, ele vai tentar chegar a elas, podendo acontecer não só queimar-se como derrubá-las e criar perigo de incêndio.
Coloque-as em locais de difícil acesso e não as deixe acesas sem vigilância. Podem ser um perigo tanto para o animal como para todos os membros da família (risco de queimaduras e de incêndio).


Fogo de Artificio

Não há festa de Ano Novo sem fogo-de-artifício á mistura. No entanto, estes momentos de cor e som podem tornar-se um verdadeiro pesadelo para o seu animal de estimação.
Muitos cães e gatos assustam-se e ficam muito inquietos com o som da explosão do fogo-de-artifício, dos foguetes e até mesmo da abertura das garrafas de champanhe. Portanto, para tentar minimizar a ansiedade do seu animal nestes momentos, recomendamos que quando isso aconteça fique próximo dele para que se sinta mais confiante e protegido e o tente tranquilizar. Poderá também optar por deixá-lo ficar no seu espaço (cama, casota).

Plantas

Algumas plantas típicas desta época festiva, nomeadamente o azevinho e a “Estrelícia de Natal” são muito bonitas para decorar mas também são muito tóxicas para os animais de estimação. Quando ingeridas, mesmo que numa quantidade insignificante, podem provocar apatia, dor abdominal, vómitos, diarreia, febre, tremores musculares e descoordenação motora.
Se suspeitar de envenenamento, contacte o seu Médico Veterinário.
Para evitar esta situação deve ter o cuidado de manter estas plantas longe do alcance do seu animal. De forma geral, como precaução não deve permitir que o seu animal se aproxime ou ingira de qualquer planta que tenha em casa.



Oferecer um animal de estimação como presente de Natal

Há muito a ideia que colocar debaixo da árvore um cachorro ou um gatinho com um laço vermelho é o sonho de qualquer criança. Tal não deixa de ser verdade, pois muitas crianças sonham com isso, mas passá-lo para a realidade deve no mínimo requer muita ponderação. Presentear um amigo ou um familiar querido com um animal de estimação pode parecer o presente ideal, mas há uma série de factores que deve considerar antes de pensar fazê-lo.
A surpresa pode ser inesquecível e bem-intencionada mas pense duas vezes antes de fazer essa opção. É importante saber se o destinatário tem o desejo de ter um animal de estimação e também a vontade e capacidade para cuidar dele. Um animal de estimação é um compromisso para a vida.
A adopção deve resultar de uma reflexão consciente sobre a capacidade real de satisfazer as necessidades básicas do animal. Quando as pessoas não estão preparadas emocionalmente e financeiramente para receber um animal, a situação pode acabar mais cedo ou mais tarde em abandono. O cuidado deve ser redobrado se o “mimo” for destinado a uma criança. 
Assim, não deve nunca adoptar um oferecer um animal por impulso, simplesmente para satisfazer um desejo básico. Por outro lado, a adopção de um animal por vaidade, ou porque quer ter um exemplar de uma determinada raça porque está na moda, é errada.
Para a adopção ser benéfica para todos os elementos (animal e família) é importante que reúna as condições essenciais ao bem-estar do animal e vontade unânime por todos os elementos da família de acolher um ser vivo e futuro membro.

Antes de tomar uma decisão pense se possui:
           - Instalações adequadas á permanência de um animal;
          - Estabilidade financeira para poder suportar os custos associados aos cuidados médicos, ás exigências legais e a uma alimentação adequada;
           - Tempo para prestar os cuidados mínimos de afecto e exercício físicoque o animal necessita;
          - Noção exacta de que o animal irá crescer, ficar adulto e com isso surgem nele mudanças físicas e comportamentais.

Depois de tomar consciência e estar alerta da maioria dos perigos a ter em conta nesta época natalícia, esperamos que tenham todos um Feliz Natal e um Bom Ano Novo.


                Para terminar, a Clinica Veterinária de Mangualde deseja a todos os clientes e amigos, sem esquecer os amiguinhos de quatro patas, um feliz Natal e um próspero Ano Novo.

                                                               Artigo escrito por Sandra Oliveira – médica veterinária (CP 4910)

 Clínica Veterinária de Mangualde
Av. General Humberto Delgado Nº 12 R/C Esq.
3530-115 Mangualde
 Telef.: 232.623.689



quinta-feira, 14 de novembro de 2013

LEPTOSPIROSE - O QUE SABER E O QUE FAZER?


Clínica Veterinária de Mangualde
     Dr. Benigno Rodrigues
     Dra. Sandra Oliveira






LEPTOSPIROSE  - O QUE SABER E O QUE FAZER?

A leptospirose é uma importante zoonose e um problema grave para a saúde publica, que está a voltar a surgir na população canina em todo o mundo. Embora há uns anos atrás a incidência desta doença nos cães não fosse muito elevada, actualmente tem-se registado um aumento significativo do número de animais infectados.


v  O que é?

- A leptospirose é uma doença grave causada por uma bactéria denominada Leptospira ssp, que afecta muitas espécies animais, domésticas e silvestres, inclusive o Homem. O cão e outros animais como os ratos, os bovinos e animais silvestres podem contrair a doença e transmiti-la. Os gatos podem infectar-se mas é muito raro.
- É considerada uma das doenças infecciosas mais importantes no cão, além de que trata-se de uma zoonose, ou seja, uma doença dos animais que afecta o Homem.
- Esta doença pode atingir toda a população de cães, apesar de os mais susceptíveis serem os cães mais jovens, não vacinados, e que vivem em zonas rurais.
- Ocorre em todo o mundo, sendo especialmente endémica nas regiões com clima quente e húmido. Em climas temperados, como é o caso de Portugal, é muito frequente nos meses mais chuvosos, em áreas alagadas e/ou deficientes em saneamento.
-A mais alta taxa de prevalência em pessoas ocorre nos países tropicais em desenvolvimento. No nosso país, uma das zonas mais afectadas é os Açores, com uma taxa de incidência média anual dez vezes superior ao Continente.

v  Como se transmite?

- A bactéria pode viver no ambiente ou em animais hospedeiros. Fora do hospedeiro, a bactéria não se multiplica, a sua sobrevivência depende muito das condições ambientais (temperatura, humidade).
- É altamente sensível a ambientes secos, a pH e a temperaturas extremas mas pode sobreviver durante vários meses a anos em solos húmidos e na água. Além disso, os animais infectados, mesmo os sujeitos a tratamento, podem continuar a libertar a bactéria no meio ambiente, através da urina, esporadicamente ou até continuamente, durante alguns meses a anos.
- Os ratos e outros roedores são os hospedeiros naturais, logo, os principais portadores da Leptospira spp.

Os animais e os seres humanos podem ficar infectados através de:
- Contacto directo ou ingestão de urina de animais infectados;
- Exposição indirecta por contacto/ingestão de água, alimentos ou solo contaminados pela urina de animais infectados;
- Ingestão de tecidos infectados (ex: ratos);
- Penetração da bactéria na pele lesionada através de feridas/cortes ou por mordeduras;
- Nos animais também pode ocorrer a transmissão por via sexual.



!AS PESSOAS TAMBÉM PODEM SER AFECTADAS!

-A infecção por Leptospira no ser humano geralmente ocorre por contacto da bactéria com as mucosas (oral, nasal e ocular) ou com feridas.
-Por exemplo, uma pessoa pode infectar-se ao ingerir uma salada feita de vegetais crus contaminados com urina de rato, beber água de inundações ou de locais onde não existe rede de esgotos nem drenagem de águas pluviais, ou ainda se estiver em contacto com água ou lamas de esgotos, especialmente, se tiver feridas na pele ou mucosas.


        -Os cães ao cheirarem o rasto de um rato, ou até mesmo, lamberem a urina deixada por ele, mesmo que seja ao de leve, podem ficar infectados, portadores da doença e eliminarem a bactéria na urina. Por isso, as pessoas devem evitar o contacto com a urina dos seus animais de estimação, mesmo quando estes estão vacinados. A vacina usada nos cães evita a doença mas não impede a transmissão da infecção aos seres humanos.












-O risco do seu animal de estimação (cão, gato, boi, cabra, ou cavalo) lhe transmitir leptospirose é geralmente baixo. Pensa-se que o principal modo de transmissão desta doença para os seres humanos seja através do contacto directo ou indirecto com tecidos, órgãos ou urina de animais contaminados.
-Os ratos e/ou outros roedores são basicamente os principais responsáveis pela transmissão da infecção às pessoas. Porque além de serem o principal portador da bactéria, existem em grande número, pelo campo, nas cidades, nos esgotos/lixeiras, e vivem em grande proximidade connosco. A Leptospira multiplica-se nos rins destes animais sem causar grandes danos sistémicos, sendo depois excretada na urina, o que poderá contaminar cursos de água, solos e produtos alimentares. O cão e o Homem tornam-se então hospedeiros acidentais.

-O Homem é infectado casualmente e é muito pouco provável que venha a ser transmissor da infecção especialmente, para outra pessoa. Portanto, não se preocupe, geralmente não há transmissão de uma pessoa para outra, a leptospirose é transmitida entre animais e dos animais para o Homem.

v  Quais são os sintomas nos cães?

-O tempo entre o contacto com a bactéria e o desenvolvimento da doença ronda aproximadamente 1 a 2 semanas.
- Existem diversas serovariedades desta bactéria. Nos cães as formas mais importantes são a canicola e a icterohaemorrhagiae. Estas estirpes de leptospira causam distúrbios renais e hepáticos nos cães.
- Os sinais clínicos variam e são pouco específicos.
- Alguns animais podem ser assintomáticos, ou seja, infectarem-se e eliminar a bactéria na urina, sem manifestarem sinais de doença.
-Os sintomas mais comuns são: febre, depressão, fraqueza, dor muscular, desidratação, apatia, anorexia, dor abdominal, evoluindo depois para anemia, coloração amarela das mucosas (icterícia), aumento do consumo de água (polidipsia), aumento da produção de urina (poliúria), diarreia sanguinolenta, vómito, urina com cor vermelha, conjuntivite e hemorragias. Nos casos mais graves pode haver falência orgânica e morte.
- Os animais jovens que não foram vacinados ou cujas mães não foram vacinadas têm um maior risco de desenvolver a forma mais grave da doença, que pode levar o animal á morte devido a septicemia ou a uma intensa hemólise.
            Caso suspeite que o seu animal esteja doente, leve-o imediatamente ao Médico Veterinário.
Esta doença requer hospitalização e tratamento á base de antibióticos, o mais cedo possível. Quanto mais cedo for iniciada a terapia, menor será o dano nos órgãos internos e mais rápido será o recobro. E uma vez que se trata de uma zoonose é extremamente importante estabelecer um diagnóstico e instituir um tratamento o mais precocemente possível.

v  O que acontece nas pessoas?

- De forma geral, a bactéria penetra no corpo humano através das mucosas (boca, nariz ou conjuntiva ocular) ou de feridas na pele. Desde a exposição ao desenvolvimento de sinais clínicos podem passar entre 5 a 14 dias.
                - Dentro do nosso organismo, a bactéria vai invadir o sangue e se replicar em numerosos tecidos: pulmões, fígado, rins, olhos e o sistema nervoso central. Dá origem a uma vasculite que é responsável pela maioria das manifestações clínicas entre as quais destaca-se: febre, dores musculares e articulares, conjuntivite, dor de cabeça, náuseas e vómitos, hepatomegalia, esplenomegalia, insuficiência renal e hemorragias.
- Pode aparecer em pessoas de qualquer idade, mas normalmente é uma doença profissional, mais comum entre os agricultores e nas pessoas que trabalham nos esgotos e matadouros. A maioria dos casos infecta-se por nadar em águas contaminadas, o que ocorre principalmente no final do Verão a inícios do Outono.

- Em mais de 90% dos casos o desenvolvimento da leptospirose é ligeiro, causando geralmente sintomas semelhantes aos da gripe, o que faz com que a maioria passe despercebida. Os casos mais graves, conhecidos como “síndrome de Weil”, requerem internamento hospitalar e caracterizam-se por uma insuficiência multi-orgânica fulminante, colapso vascular e morte.
-Caso suspeite desta doença, contacte o seu médico. A leptospirose é uma doença curável, no entanto, requer um diagnóstico e tratamento o mais cedo possível.

v  Quais os cuidados que as pessoas devem ter para evitar o contágio?

Alguns cuidados a ter estão directamente relacionados com o meio ambiente em que se vive. Outros têm a ver com a higiene da habitação e com a própria higiene pessoal. O essencial é acautelar situações de contacto ou ingestão directa/indirecta da urina dos roedores e dos nossos animais domésticos. Assim, convém ter os seguintes procedimentos:

- Drenagem de águas paradas;
- Limpeza de matas e terrenos baldios;
- Evitar contacto com água e lama de inundações/cheias ou de áreas alagadas;
-Se a cheia inundar as nossas casas e for inevitável o contacto, esperar que as águas baixem e depois lavar e desinfectar todas as superfícies (chão, paredes, objectos, roupas) com lixivia diluída. Depois enxaguar com água limpa. Os alimentos que estiveram em contacto com a água das inundações devem ser eliminados, nunca reutilizados pois podem transmitir a doença.
-Evitar beber água proveniente de zonas estagnadas/alagadas ou de fonte desconhecida, como rios, riachos, nascentes ou pântanos.
- Desinfecção da água;
- Lavagem dos alimentos e em especial os que são consumidos crus, como frutas e saladas;
- Obras de saneamento básico; abastecimento de água, esgotos e lixo mas habitações e na via pública;
- Desinfecção e limpeza dos locais susceptíveis de atrair ratos e outros roedores;
- Evitar que as crianças e jovens nadem ou brinquem em zonas que possam estar contaminadas com urina dos ratos.
- Manter os alimentos armazenados e hermeticamente fechados e ainda eliminar os restos de comida/lixos que possam atrair ratos e outros animais; 
- Não colocar lixo sobre os ralos de escoamento das águas pluviais pois podem atrair ratos, além de que o lixo dificulta o escoamento das águas, agravando o problema das inundações;
- Controlo de roedores e animais silvestres;
- As pessoas que trabalham na limpeza das águas, lamas, entulhos e desentupimento de esgotos devem usar botas resistentes e luvas de borracha. Se possível usar sacos plásticos duplos a envolver as mãos e os pés;
          - Tal como aconteçe nos ratos, os animais domésticos quando são infectados, eliminam a bactéria na urina, portanto deve-se tomar cuidados especiais na manipulação de tecidos, órgãos ou urina, utilizando equipamento protector, essencialmente luvas e botas para protecção das mãos e pés;
        - Todo o material que teve em contacto com um animal infectado/doente deve ser desinfectado ou incinerado;
- Lavar sempre as mãos após manipular o seu animal de estimação ou quando tenha estado em contacto com as suas excreções;
- Isolar o animal infectado/doente durante o seu tratamento;
           -Garantir que o seu animal de estimação que esteja doente com leptospirose cumpre com o esquema terapêutico e preventivo elaborado pelo seu médico veterinário;
            - Desinfectar todas as superfícies (canil, casota) com uma solução contendo lixívia diluída;
- Caso o canil esteja no exterior, e particularmente nos cães de quinta e/ou nos que vivem no campo, retirar e lavar os recipientes da comida (comedouro) e água (bebedouro) todos os dias, antes do anoitecer, para evitar ser contaminado com ratos e seus dejectos.

               Não hesite em contactar o seu Médico Veterinário caso suspeite que o seu animal de estimação esteja doente. Contacte o seu Médico de Família caso tenha alguma dúvida sobre uma possível exposição a um animal infectado e/ou sobre o aparecimento de sintomas como febre, dor muscular e/ou dores de cabeça.

v  Como posso prevenir que o meu animal de estimação contraia leptospirose?

- Limitar o acesso por parte do animal a áreas ambientais de risco (poças de água, águas estagnadas, pântanos, lagoas, pastos inundados) e a zonas onde existem ratos e animais selvagens;
- Controlo de roedores;

- Vacine o seu cão contra a leptospirose.
Os cachorros devem ser vacinados a partir das 8-9 semanas de vida, seguido de reforços 3-4semanas depois e novamente anualmente ou semestralmente.
 Nos casos de risco: canis e zonas rurais recomenda-se a revacinação semestralmente.
 A vacinação pode não conferir uma protecção a 100%, pois existem várias estirpes de leptospirose que causam doença, mas, as estirpes contempladas na vacina geralmente, são as mais frequentes, logo é eficaz.

  Artigo escrito por Sandra Oliveira – médica veterinária (CP 4910)

 Clínica Veterinária de Mangualde
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terça-feira, 1 de outubro de 2013

A 4 DE OUTUBRO É DIA DO ANIMAL

Clínica Veterinária de Mangualde
             Dr. Benigno Rodrigues
             Dra. Sandra Oliveira





4 DE OUTUBRO – DIA  MUNDIAL DO ANIMAL


A dia 4 de Outubro celebra-se anualmente em vários países o Dia Mundial do Animal.


A data foi escolhida em 1931 durante uma convenção de ecologistas em Florença. A escolha teve em conta o facto de no calendário litúrgico o dia 4 de Outubro ser o dia de São Francisco de Assis, o santo padroeiro dos animais.

São Francisco de Assis nasceu em Itália entre 1181 e 1182 e morreu a 4 de Outubro de 1226. Pertencia a uma família rica, mas decidiu abdicar de toda a sua riqueza e viver humilde, dedicando-se à protecção dos animais e a ajudar as pessoas pobres. São Francisco protegia e amava todas as criaturas vivas como se fossem seus irmãos, por isso é o Santo padroeiro dos animais. É também patrono universal do presépio e foi consagrado recentemente patrono dos ecologistas.

O Dia Mundial do Animal é celebrado em vários países através de vários eventos e actividades de consciencialização e protecção dos animais.

Os objectivos da celebração do Dia Mundial do Animal são:

·         Sensibilizar a população para a necessidade de proteger os animais e a preservação de todas as espécies;
·         Mostrar a importância dos animais na vida das pessoas;
·         Celebrar a vida animal em todas as suas vertentes.



Tem um animal de estimação? Se sim, neste dia presentei-o com algo especial porque ele merece.
Tem um cão? Caso tenha, brinque com ele, vá dar um passeio, ofereça-lhe um brinquedo, dê-lhe muitos miminhos e beijinhos que ele vai adorar.
 Tem um gato? Faça-lhe muitas festinhas, dê um miminho, uma guloseima ou escove-o. Ele vai agradecer.
Tem um coelho? Prepare-lhe a sua comida favorita.



Neste dia celebra-se também o Dia do Médico Veterinário em Portugal
Este dia corresponde ao dia de publicação do diploma que criou a Ordem dos Médicos Veterinários. Contudo, o patrono efectivo dos Médicos Veterinários é o Santo Elói (588-660 DC), de origem galo-romana e que exerceu a profissão de ourives e joalheiro de quem é também padroeiro, destinando os seus lucros aos pobres e á Igreja. O dia de Santo Elói é comemorado no calendário litúrgico, a 1 de Dezembro.



Artigo escrito por Sandra Oliveira – médica veterinária (CP 4910)

 Clínica Veterinária de Mangualde
Av. General Humberto Delgado Nº 12 R/C Esq.
3530-115 Mangualde

 Telef.: 232.623.689

quarta-feira, 24 de julho de 2013

A EDUCAÇÃO DO CACHORRO

Clínica Veterinária de Mangualde
             Dr. Benigno Rodrigues
              Dra. Sandra Oliveira







A EDUCAÇÃO DO CACHORRO

- A educação e a obediência do cachorro são importantes para o estabelecimento de uma relação saudável entre animal e proprietário. Constitui não só a garantia duma coabitação harmoniosa entre o cão, o dono e o meio ambiente envolvente como também, da sua integração na sociedade.
- A educação e a aprendizagem da chamada “etiqueta canina” deve começar logo a partir do momento em que o animal entra na nova casa. Tudo é novo e estimula a sua curiosidade. O cachorro cheira tudo e inspecciona cada divisão da sua nova casa, corre, brinca e ladra. Já está a aprender. Por isso é indispensável começar já a dar-lhe a conhecer as regras da casa e o seu lugar nela e não tolerar comportamentos indesejáveis que poderão ser mais tarde mais difíceis de corrigir.
- São muitas as coisas que o cachorro deve aprender para conviver na nossa sociedade, para o qual não está preparado. Ele não sabe que não deve morder, ladrar continuamente e comer tudo o que apanha.
- Tem de ter paciência para lhe repetir as mesmas regras o número de vezes que seja necessário, e ir com calma e moderação, sem o assustar com gritos, nervosismo e medo, premiando os comportamentos desejados e ignorando os indesejados. O cachorro não deve aprender e agir por medo ou por coacção.
O cachorro aprenderá que se portar bem tem prémio e com o tempo acabará por deixar os maus costumes.

- O cachorro não conhece o nosso vocabulário, assim quando queremos dizer-lhe algo, as palavras que utilizamos devem ser acompanhadas de uma linguagem corporal que indique ao cão o que significam. Juntamente com as palavras associe expressões faciais e/ou gestos que reforçam a compreensão do comando no cão, como por exemplo, dizer “senta” ao mesmo tempo que levanta a mão direita no ar (estimulo sonoro associado a estímulo visual).
- Utilize palavras curtas com sons únicos e num tom de voz apropriado, com firmeza, e sempre a mesma palavra para o mesmo comando, como por exemplo dizer “não” para corrigir ou “senta” para a obediência, com um tom de voz firme. As frases longas não têm sentido para ele.
- A educação deve ser um momento de lazer e diversão para si e para o cachorro e realizada por todos os membros da família.

  •   Como ensiná-lo a reconhecer o seu nome?

A primeira coisa que o cachorro deve aprender é o seu nome, e quanto mais cedo isso acontecer mais facilmente será memorizado.
Desde o primeiro dia da chegada á nova casa chame-o sempre pelo nome e se vier junto de si, felicite-o e recompense-o com uma carícia. Se demorar um pouco mais de tempo não o repreenda, senão da próxima vez que o chamar ele irá demorar mais tempo a reagir.


  • A higiene:

Nos primeiros 4 meses de idade, os cães não tem controlo total dos esfíncteres, por isso, não se assuste se o seu cachorro fizer as necessidades (urina e/ou fezes) em locais inapropriados. Ele precisa que o eduque a fazer nos locais desejados para o efeito e poderá fazê-lo logo desde o início da sua chegada a casa.
Se o seu cachorro se descuidou em casa durante a sua ausência, não o repreenda. A repreensão só será eficaz se o apanhar em flagrante. De um modo geral, os cachorros não são asseados, á excepção no local de descanso.


O que fazer para que faça as necessidades fora de casa?

Leve o cachorro com frequência, se possível com intervalos de aproximadamente 2 horas, e regulares ao local onde quer que ele aprenda a fazer.
Faça-o sempre a seguir às refeições, ao despertar e na sequência de momentos de brincadeira.
-Sempre que ele fizer as suas necessidades, felicite-o através do tom de voz ou de carícias.
-Se o cachorro começar a andar às voltas pela casa, como se estivesse a preparar-se para fazer as necessidades, espere que ele comece e de seguida, impeça-o erguendo-o no ar enquanto exclama a palavra “Não” com firmeza, e de imediato leve-o ao local desejado. Assim que ele tiver terminado as suas necessidades lá, acaricie-o e felicite-o.

  •  Ensinar a andar à trela:

- O ensino do andar à trela, á semelhança do treino de obediência, deve ser iniciado a partir dos 3 meses de idade. Quanto mais cedo o cachorro se habituar ao uso da trela, mais fácil será a aprendizagem.
- Deve começar com pequenas sessões em casa, mesmo antes de levar o cão à rua. Nestas sessões o cão será habituado à colocação e ao puxar da trela, com a utilização de reforços positivos (ex: carícias) para o encorajar.

O que fazer?

- Habitue o cachorro á coleira e, posteriormente inicie pequenos percursos dentro de casa com ele pela trela, diversas vezes ao dia e por períodos curtos de tempo;
- De seguida, deve aprender a caminhar com trela. Primeiro sente-o à sua esquerda (por uma questão pessoal poderá optar pela direita, desde que seja sempre o mesmo lado), depois dê a ordem para avançar e comece a caminhar;
- Segure a trela com folga e caminhe de forma normal, o cachorro deve caminhar junto a si, mantendo a trela com folga;
- Sempre que parar, mande-o sentar-se, recompensando-o com uma carícia;
- Se o animal puxar a trela diga “Não”, enquanto dá um puxão seco na mesma.

Nunca castigue o animal (por qualquer razão que seja) batendo com ele com a trela ou pouxando a trela, pois esta deve ser associada a um momento de brincadeira/prazer e não de punição/castigo.




  • Treino básico de obediência:

- Todos os cães, pequenos ou grandes, devem aprender uma educação básica, pelo menos, os comandos básicos da sequência: “Senta”, “Deita” e “Fica”. Esta ordem cronológica deve ser respeitada para que haja uma correcta aprendizagem pelo cachorro, ou seja, o dono deve certificar-se que a ordem anterior está perfeitamente adquirida antes de passar a ensinar a ordem seguinte.
Se o cão aprender estas ordens será muito mais fácil de o controlar, estabelecer uma relação e sobretudo que saiba comportar-se em cada situação, inclusive em caso de perigo.

 “Senta”: Enquanto exclama a ordem “Senta”, com uma mão exerça uma ligeira pressão sobre o dorso do cachorro, enquanto com a outra lhe mantém a cabeça erguida. Logo que o animal se sentar, felicite-o, acariciando-o enquanto menciona o seu nome.
 “Deita”: Comece por fazer com que o cachorro se sente e coloque-se de cócoras junto dele. De seguida, puxe suavemente as patas dianteiras para a frente enquanto dá a ordem “Deita”. Quando o animal estiver deitado, felicite-o fazendo carícias.
Fica” ou “Quieto”: Faça o cachorro sentar-se completando a ordem “Senta” com “Quieto”. Movimente-se alguns centímetros á volta dele e se ele se levantar ou o seguir diga-lhe “Não” e volte a coloca-lo na posição inicial, repetindo “Senta Quieto”. Á medida que o cachorro for evoluindo na aprendizagem deste comando, distancie.se cada vez mais.


- Como fazê-lo obedecer á chamada?

- Mais do que uma ordem, a chamada é um convite para o animal regressar para junto do dono, o que é útil em situações do dia-a-dia que possam constituir um perigo. A chamada deve ser relacionada com uma situação positiva como o receber carícias ou recompensas.
- De início, realize as sessões de treino dentro do perímetro de casa (ambiente familiar para o cão), antes de levar o cachorro para o exterior com uma trela comprida.
- Comece por associar a chamada à administração do alimento: uma segunda pessoa pode manter o cachorro á distância, enquanto prepara a refeição do animal. De seguida, chame-o pelo nome e diga “Aqui”;
- Pouco a pouco, à custa de carícias, felicitações e estímulos positivos, o cachorro percebe que ao escutar o comando “Aqui” deve regressar de imediato para perto do dono.

- O objectivo do treino de obediência é ajudar o cachorro a ganhar auto controlo e confiança e permitir ao dono gerir sem problemas inúmeras situações de maneio que aparecem no do dia-a-dia.
- O programa de treino do animal terá tanto mais sucesso, quanto mais cedo for iniciado, dado que na fase de crescimento existe uma natural e uma maior capacidade para a aprendizagem.


- Inicie os treinos com 3 sessões diárias de 5 minutos e depois poderá aumentar progressivamente o tempo e a dificuldade dos exercícios á medida que o animal vai crescendo. Os animais adultos são capazes de ser treinados com a mesma eficácia que os cachorros, apenas a velocidade de aprendizagem poderá ser menor. No caso dos animais com patologias comportamentais, em que a capacidade de concentração está normalmente afectada, a velocidade de aprendizagem também é menor.
- No início do programa de treino premeie o animal sempre que ele realiza o comportamento pretendido.

Reforço positivo: Os alimentos como os biscoitos para cão constitui a principal motivação para muitos cães, mas não são a única fonte de recompensa. Pode usar outras formas de recompensa durante o treino como dar atenção e realizar jogos e exercicios. Para determinados cães a atenção humana e os jogos são recompensas tão importantes como a comida.
- Para além do valor do alimento fornecido, o dono deve prestar atenção ao esquema de recompensa utilizado. Quando o animal já está numa fase avançada do programa de treino que realiza sempre o comportamento desejado após ordem, dever-se-á transitar para um sistema de recompensas intermitente, por exemplo, o dono passa a dar a recompensa 1 de cada 10 vezes que o cão obedece. Este esquema aumenta a motivação, porque o cão é incapaz de prever quando irá obter a recompensa e realiza este comportamento com mais frequência no intuito de a receber. Por outro lado, também reduz o risco de o comportamento desaparecer do repertório do animal, porque ele não consegue antever quando é que será premiado por uma nova manifestação desse procedimento.

  • Punição do cachorro:
- Quando o cachorro faz algo errado o castigo deverá ser instituído de imediato e se este for apanhado em flagrante. Os cachorros fazem associações directas, ou seja, tem pensamentos do tipo causa/efeito, pelo que a punição realizada a posteriori não fará com que este aprenda qual o comportamento incorrecto e qual o correcto. Além do mais, os castigos a posteriori podem provocar ansiedade ao animal pois este não compreende a sua atitude.

- É sempre preferível a recompensa por um bom comportamento ou o ignorar de uma reacção inesperada do que o castigo. O castigo deve reservar-se para as situações mais desagradáveis ou as que ponham em perigo o animal.
- O castigo pode ser directo, por exemplo agarrando-o pela pele do pescoço e sacudindo-o ligeiramente (reproduzindo assim o comportamento da mãe) ou batê-lo com um jornal. Nunca deve batê-lo com a intenção de o magoar.
- O castigo deve cessar logo que o animal evidencie uma postura submissa  (deita-se ou urina de medo).
- O dizer “não” ao cachorro quando faz algo proibitivo deve começar logo desde o primeiro dia da chegada á casa e deve ser associado a qualquer proibição, independentemente da sua natureza. Deve ser pronunciado num tom de voz firme e inequívoco sempre que o cão cometa uma acção proibida.

- Quando o dono pune o animal por uma asneira cometida e vê que ele faz um “ar de culpado” pensa que afinal o cão percebeu que fez asneira, e deve estar arrependido mas tal não é verdade.
Apesar do animal puder exibir aquilo que os donos descrevem como “ar de culpado”, quando a punição é deslocada no tempo, este não tem noção do erro cometido e todas as posturas corporais que apresenta são compreendidas pelo cão que o dono está desagradado com ele e prestes a repreendê-lo. Os castigos aplicados desta forma podem criar ansiedade ao animal, porque este não consegue compreender a ligação entre a acção indesejável e o castigo.

- Tem de haver uma coerência nas regras, com a prática de “nunca é nunca”, ou seja, se algo não for permitido ao cachorro (ex: acesso ao sofá ou quartos), tal não poderá ser permitido nunca, porque se o é umas vezes e outras não, o cão irá sempre tentar fazê-lo dado que não sabe se a resposta do dono irá ser positiva ou negativa e só depois o irá avaliar ao ser corrigido ao não.
Estabelecer rotinas e regras coerentes aumenta a possibilidade de o cachorro prever o que sucede no ambiente e é uma fonte de segurança. Um dos erros mais frequentes é pensar que só se trata de um cachorro e que podemos ser um pouco menos estritos com ele. Se morde ou rói algo achamos normal, pegamos nele ao colo, dormimos com ele, permitimos coisas que ao crescer não poderá fazer.
- O local de descanso, o chamado “ninho”, não deverá constituir o lugar de castigo, ou seja, o cachorro nunca deve ser mandado para lá após uma repreensão, pois deste modo, este será associado a algo negativo e poderá deixar de ser procurado para dormir.


Todas as indicações mencionadas devem ser consistentes e rigorosas, realizadas de forma idêntica por todos os membros da família e desde o primeiro dia do animal em casa,
 devendo ser mantidas ao longo do seu crescimento.


A mudança das regras faz com que o cachorro seja ainda mais desobediente (os donos habitualmente referem que “ele é muito teimoso”), faz com que o treino de higiene (o aprender a urinar e a defecar nos locais correctos) seja mais demorado e faz com que as chamadas “asneiras” sejam mais frequentes.  Isto acontece pelo facto de que o cão não entende porque antes podia estar/fazer/ter de uma determinada forma e de repente tudo muda.

-Uma vez que, cada cão é um caso único, se não souber como proceder para educar o seu cão, poderá recorrer à ajuda de profissionais. Em Portugal, existem inúmeras instituições que se dedicam ao treino de cães. Informe-se

Artigo escrito por Sandra Oliveira – médica veterinária (CP 4910)

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